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domingo, 6 de julho de 2014

COPA, EXPLORAÇÃO DESMEDIDA E PÓS-COPA.

Nestes tempos de Copa do Mundo, chegando ao Clube do Guaraná, lá no CCAB Sul, após uma semana ausente, assisti a um debate construtivo sobre o baque que sofrera parte de nossas atividades econômicas, em plena realização dos jogos da Copa do Mundo! Indagavam os confrades como pôde Natal ter recebido uma avalanche de turistas, como jamais visto, e esse boom não haver repercutido favoravelmente nas variadas atividades econômicas, sobretudo naquelas vinculadas ao turismo, excepcionados a rede hoteleira e os restaurantes mais refinados? As explicações para tal débâcle eram as mais diversas. Uns traziam depoimentos dos microempreendedores do Litoral que culpavam os bugueiros pelo fato de aumentarem inescrupulosamente o preço dos passeios, passando alguns de R$ 280,00 ao patamar de R$ 700,00. A propósito, confesso que fiquei entristecido ao ver a atividade bugueira como vilã dessa história pelo fato de haver contribuído, como procurador do Estado, para institucionalizá-la, consoante se atesta mediante a edição da Lei Estadual nº 8.817, de 29 de março de 2006. Aliás, ressalto que o meu empenho naquele processo levou em conta o fato de a atividade bugueira funcionar como uma espécie de veias abertas positivas para o sistema turístico e, também, como divulgador natural de nossas belezas naturais, gerando de quebra emprego e renda de modo sustentável.
Contudo, não foi somente a atividade bugueira que recebeu críticas. Também foi testemunhado que bares e restaurantes de Natal triplicaram os preços costumeiramente estabelecidos e conseguiram afastar os turistas. Apenas para ilustrar, em Ponta Negra uma latinha de cerveja, normalmente vendida ao preço de R$ 2,50, chegou a ser vendida por R$ 8,00; uma refeição para duas pessoas, normalmente servida ao preço de R$ 80,00, chegou a R$180,00, ou até mais. Mas, o debate em causa ficou mais rico ao contar com a lúcida intervenção do nosso confrade Danilo Menezes, ex craque da seleção uruguaia, do Vasco e do ABC, anfitrião, nesta Copa, da Seleção Uruguaia, em Natal. O veterano atleta atribuiu a culpa desses desencontros, em grande parte, a ausência de uma ação efetiva do Estado. O Estado, observou, não se preparou convenientemente para tirar um bom partido do grande evento. Largou órfão, solto, desarticulado e desorientado o segmento turístico quando realmente deveria ter implementado um bom serviço de divulgação e de assistência aos visitantes, mostrando o nosso potencial turístico, nossa gente, nossa cultura e nossas belezas naturais, e guiando-os para usufruir de tais virtuosidades. Confesso que tal juízo de valor me pareceu lógico e procedente.
Abstraindo, todavia, esses episódios lamentáveis onde a maioria perdeu economicamente, o fato é que o pós Copa parece se desenhar próspero. O natalense esbanjou durante o evento empatia, simpatia e gentileza. Até o protesto de umas 100 pessoas para impedir que 40.000 assistissem a um dos espetáculos, foi civilizado e por isto mereceu elogios. Mas, para nosso conforto obtive informações segundo as quais a conceituada Revista Americana Forbes elogiou Natal, afirmando que a cidade ganhou dos visitantes a simpatia e a confiança, inclusive de investidores. É bom que se diga que o só fato de aquela Revista citar algo positivamente já é um ganho inestimável. O jornalista David Nicholson (da Forbes) destacou o potencial turístico e o boom da economia brasileira como fatores positivos para investir em Natal. E ilustra a assertiva com o exemplo de um investidor de Miami, Jim Loseley, um dos 24 mil norte-americanos que aqui vieram para acompanhar a partida entre Estados Unidos e Gana, que ficara impressionado com o potencial de Natal para Negócios. E mais, a queda na taxa de juros, o crescimento econômico do Nordeste, as belezas da cidade, além da divulgação impulsionada pela Copa do Mundo, tudo concorreu para transformar Natal em um “imã” para investimentos internacionais nos próximos anos. Por fim, lembrou a reportagem o fato de os americanos valorizarem de modo especial sua história, e Natal fazer parte dela, como o Trampolim da Vitória da 2ª Guerra Mundial, fator que também conta favoravelmente. Portanto, é hora de o Estado acordar, se ligar, e não mais ser um absenteísta vendo a banda passar.

Fonte: Francisco de Sales Matos - Advogado e Professor da UFRN/http://tribunadonorte.com.br/

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