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domingo, 20 de abril de 2014

ESTÚPIDA VIOLÊNCIA.

Vamos celebrar a estupidez humana. A estupidez de todas as nações. O meu país e sua corja de assassinos, covardes, estupradores e ladrões.
Vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão. Vamos celebrar nosso governo. E nosso Estado, que não é nação.
Celebrar a juventude sem escola. As crianças mortas. Celebrar nossa desunião. Vamos celebrar Eros e Thanatos, Persephone e Hades. (Perfeição, Legião Urbana)
Às vezes, demoramos muito a despertar de certos pesadelos, tão envolvidos estamos em determinadas intrincadas tramas, capazes de confundir realidade e fantasia, que não conseguimos encontrar a saída para o labirinto criado por nós mesmos. E como a vida imita a arte, mesmo a onírica, esta dificuldade de reconhecer e superar o insustentável ocorre em ambos: ora no mundo real, ora no mundo dos sonhos.
E assim tem sido com a violência no Rio Grande do Norte, alimentada por uma soma de fatores descuidados ao longo de anos, com o labirinto maior a cada investimento que deixamos de fazer na polícia, à medida do aumento da negligência com o futuro de nossos jovens – com poucas perspectivas e muito crack à disposição – e, sobretudo, com a ausência de qualquer planejamento digno deste nome na nossa segurança pública.
Com isso, na proporção inversa da atratividade turística, nosso elefante passou a ser convidativo para bandidos em geral, vindos dos diversos cantos que os têm combatido de maneira mais dura do que nós. Aqui, estes indesejados, passaram a fazer suas “compras” à bala e “vender” seus produtos ao preço de vidas e almas de potiguares indefesos, somados aos que aqui já viviam ou foram gestados e alimentados ao longo do caminho.
Por óbvio, a “economia” da violência é a contra-engrenagem da economia produtiva, pois turistas, circulação de pessoas e bens - e os demais motores do desenvolvimento - não convivem harmonicamente sequer com a notícia de mais de 400 homicídios só em 2014 no RN, ainda menos com as imagens e histórias diuturnas desta tragédia humana.
“Ninguém programaria suas férias para levar a família a lugares em guerra - Afeganistão ou Faixa de Gaza!”, como categoricamente vaticinou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RN, Dr. Marcos Dionísio.
Durante muito tempo, vivemos este pesadelo crescente, como se normal fosse, a ponto de nossa capital passar a figurar entre as mais violentas do mundo. Justo a Noiva do Sol, que há pouco mais de dez anos esbanjava qualidade de vida e acolhida sem igual para todos que aqui chegavam.
Além da eterna omissão governamental, também nós, presos em nossos pesadelos individuais, embora sentidos coletivamente, deixamos de unir esforços para combater o mau da violência a todos imposta, até ela alcançar patamares que nos põe em frente à porta de entrada do inferno de Dante – Divina Comédia -, com a sua famosa frase: “Deixai toda a esperança, vós que entraste!”.
Felizmente, ainda não ultrapassamos esta porta, mas o presente momento só nos traz duas alternativas: mudar o estado de coisas ou sucumbir, pois estamos na iminência de um ponto de não retorno que poderá definir nosso (sub)desenvolvimento pelas próximas décadas.
Mas, também, somos capazes de nos reinventar diante de dificuldades deste tamanho. Em boa hora, surge um movimento como o Basta de Violência no RN, apartidário como tem que ser, no seio da sociedade civil afetada pela aridez da violência, cansada das soluções sempre prometidas e postergadas.
O tempo de nossas vidas não serem mais definidas pela boa ou má vontade do governante de plantão. Tracemos nosso próprio caminho de paz e crescimento individual e coletivo, impelindo a Administração Pública a fazer o mesmo; daí, virá a perfeição.
Sonhemos acordados, pois!

Fonte: Luciano Ramos - Procurador-Geral do Ministério Público de Contas do RN/http://tribunadonorte.com.br/

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