RNPOLITICAEMDIA2012.BLOGSPOT.COM

domingo, 20 de abril de 2014

AS CURVAS NA ESTRADA DE AÉCIO NEVES.

O PSDB define sua estratégia para os maiores colégios eleitorais do Brasil – e conta com a adesão de antigos aliados de Dilma Rousseff.

Se gostar do Rio de Janeiro for um defeito, em mim ele só fará crescer”, costuma dizer o senador Aécio Neves. Ele viveu no Rio dos 9 aos 22 anos e mantém um apartamento lá até hoje. Acredita que o amor dos fluminenses por ele também crescerá, incorporando antigos aliados de Dilma. É o movimento “Aezão”, comandado pelo presidente do PMDB no Rio, Jorge Picciani. Quatro diretórios de partidos fluminenses, diz Picciani, decidiram apoiar a “chapa” que reúne Aécio à Presidência e o peemedebista Luiz Fernando Pezão ao governo do Estado. “PP, PSD e Solidariedade apoiam Aécio e Pezão. O PPS apoia o Aécio e ainda não definiu quem apoiará para governador”, diz Picciani. Segundo ele, praticamente todos os deputados federais do PMDB no Estado, assim como prefeitos e ex-prefeitos fluminenses, também participam do grupo. “A tendência é que Aécio venha a ter a maior campanha de um candidato à Presidência no Rio. Lançaremos o movimento no final de maio”, afirma Picciani. O apoio é mais uma das consequências do abalo na relação entre PT e PMDB nacionais, ocorrida no mês passado, que teve como epicentro os diretórios fluminenses.
Como o PMDB faz parte da base aliada de Dilma, Pezão não poderá ceder palanque a Aécio. Por isso, o PSDB planeja uma candidatura própria ao governo do Estado. O sonho de Aécio era que o candidato fosse o técnico da seleção brasileira de vôlei, Bernardinho. Ele insistiu com Bernardinho ao longo de todo o segundo semestre do ano passado. No começo do ano, Bernardinho afirmou que não se sentia preparado. Caso o candidato seja do próprio partido, o nome que mais agrada a Aécio, no momento, é o economista Gustavo Franco. Mesmo que tenha reduzidas chances de vencer as eleições, a candidatura serviria para fortalecer a marca do partido num Estado em que o PSDB não é forte, e em que Aécio conta também com sua identificação pessoal para obter uma votação expressiva. Caso a opção seja por apoiar um candidato de outra legenda, o nome deve ser o deputado federal Miro Teixeira (Pros). Ele receberia Aécio e Campos quando fossem ao Estado, centralizando os palanques oposicionistas.
O Rio é peça central na estratégia de Aécio para ganhar votos nos três maiores colégios eleitorais do país – os outros são dois Estados já governados por tucanos, São Paulo e Minas Gerais. Somados, os três Estados respondem por mais de 40% dos eleitores. A estratégia para São Paulo já está em curso. Aécio já participou de 15 reuniões pelo Estado nos últimos meses, em várias regiões, para se apresentar aos políticos paulistas. Na semana passada, foi recebido pela maçonaria do Estado e almoçou com a bancada paulista do PSDB da Assembleia Legislativa. No fim de abril, Aécio comparecerá à Agrishow, o maior evento agropecuário do Estado, em Ribeirão Preto. Ainda estão programadas uma visita ao Vale do Paraíba e dois encontros na Grande São Paulo.
Os tucanos governam São Paulo há 20 anos, mas disputas internas de poder – como a que opôs José Serra ao próprio Aécio nos últimos anos – abriram feridas que precisam cicatrizar. Um grupo liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende que Aécio deveria ter um vice paulista. O nome mais forte é o senador Aloysio Nunes Ferreira, que teve 11 milhões de votos nas últimas eleições e foi o senador mais votado do país. Se não for o vice, Aécio pretende entregar a Aloysio a coordenação de sua campanha, que será centralizada em São Paulo. O Comitê Central ficará na cidade, e o lançamento oficial da candidatura também será na capital paulista, em meados de junho. Outra corrente do partido defende um vice do Rio de Janeiro. O nome mais forte é a ex-mi­nistra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie. Ela possibilitaria ao partido erguer a bandeira da segurança pública.
A estratégia de Aécio também avança em outros Estados. Na Bahia – quarto maior colégio eleitoral do país –, Aécio comemora a chapa que reunirá PMDB, DEM e PSDB, com Paulo Souto (DEM) candidato ao governo e Geddel Vieira Lima (PMDB) ao Senado. No Rio Grande do Sul, quinto maior colégio, Aécio acredita na adesão da senadora Ana Amélia (PP), candidata ao governo. O PP tem sido alvo de afagos constantes de Aécio nas últimas semanas. Primo do presidente de honra do partido, o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), Aécio ofereceu um jantar em seu apartamento em Belo Horizonte à cúpula do partido na semana retrasada. Os agrados não param por aí. Com o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB) candidato ao Senado e o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) ao Palácio da Liberdade, o que sobrou na chapa mineira ficará com o PP. O vice da chapa tucana será Dinis Pinheiro (PP), presidente da Assembleia mineira. Em Minas, o PSDB acredita que Aécio não terá dificuldades em liderar a votação. Para ganhar as eleições, ele terá de percorrer o país, especialmente nos principais colégios eleitorais. Aécio ainda tem muita estrada a percorrer – e algumas curvas perigosas, com risco de derrapagem – se quiser garantir uma vaga no segundo turno.

Fonte: Leopoldo Mateus/http://epoca.globo.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMENTÁRIO SUJEITO A APROVAÇÃO DO MEDIADOR.