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segunda-feira, 29 de julho de 2013

"NÃO QUEREMOS NOVOS MORADORES", DIZ PREFEITO DE CIDADE Nº 1 NO IDH NO PAÍS.

São Caetano do Sul lidera ranking de desenvolvimento humano no país.
Moradores pedem mais segurança; Prefeitura afirma que está atuando.


Morar em São Caetano do Sul, na Região Metropolitana de São Paulo, cidade mais uma vez é líder no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do país, não será tarefa fácil nos próximos anos. Para manter a qualidade dos serviços municipais, o prefeito do município afirma que está “desestimulando” as construtoras de empreendimentos residenciais a construírem na cidade. “Não queremos ser cidade dormitório”, afirma.
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O IDH mede o nível de desenvolvimento humano de determinada região. O estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) foi divulgado nesta segunda-feira (29) intitulado "Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013".
O IDH dos municípios vai de 0 a 1 e considera indicadores de longevidade (saúde), renda e educação. São Caetano, que tem 149.263 habitantes segundo dados do IBGE, tem índice de 0,862 e está entre os 44 municípios do país a registrar desenvolvimento humano "muito alto" (acima de 0,800). O IDHM do Brasil é de 0,727, considerado "alto" (entre 0,700 e 0,799).
Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos no município foi educação (com crescimento de 0,071), seguida por renda e por longevidade. O prefeito Paulo Pinheiro comemorou os índices, mas afirma que, para manter a qualidade de vida para a população, a cidade deverá priorizar os prédios comerciais.
“Não queremos novos moradores, realmente. Se não, aumenta muito a quantidade de moradores e o orçamento da prefeitura é o mesmo. Então todos esses serviços que a gente gasta a mais com essa família é muito mais do que o IPTU que ela paga para o município. Por isso que a gente quer prédios comerciais”, diz.
Qualidade tem preço
Os moradores elogiam a cidade, mas afirmam que a qualidade "tem preço". “Aqui é muito calmo, tranquilo. Tem saúde, educação. Nós viemos por causa do trabalho dos nossos maridos. A terceira idade tem muitas regalias, programas de natação, ginástica. Minha sogra faz dança, viaja em grupo”, afirma a moradora Michele Rosa de Souza, 27. "Mas é tudo mais caro. A gente sai e vai para Santo André [cidade vizinha no ABC Paulista] comprar tudo, roupa, comida. É muito mais caro que em outras cidades", diz, enquanto brinca no parque da Avenida Kennedy com a filha no bairro Olímpico.
“Pela qualidade dos serviços que a cidade tem, aí encarece. O aluguel aqui é mais caro, o metro quadrado do que as cidades vizinhas. Mas vale a pena. É compensador”, diz o prefeito.
É a terceira vez que o órgão da ONU realiza o levantamento. Nesta edição, a pior avaliação é do município de Melgaço, no Pará. São Caetano, que faz divisa com a capital paulista, teve também o melhor IDHM em 2003 e em 1998.
Segurança
“Também tem cursos de inglês, as escolas são muito boas. Mas nas entradas da cidade, principalmente na divisa com Santo André, anda meio perigoso”, critica Liliane Sales, 36, que mora há dois anos no bairro Barcelona.
“Aumentou um pouco o assalto mesmo. Meu cunhado foi assaltado no sinal às 9h da manhã. Perto da Avenida [Almirante] Delamare”, complementa Michele. A avenida fica próxima do bairro de Heliópolis, a maior favela da capital paulista. “Ali já teve arrastão e nada muda.”
Apesar disso, os moradores afirmam que a cidade tem muitos pontos positivos, entre eles, pontos de ônibus novos, ruas asfaltadas e nenhuma favela. “Aqui é tudo de bom”, diz Iracema Conceição, que saiu do bairro do Ipiranga para ir ao médico em São Caetano. “Minhas irmãs moram aqui. Se eu pudesse, morava também. Favela você não vai achar não, difícil”, diz. “Mas aqui é muito caro para mim.”
"Aqui nunca teve favela, é uma cidade que é rodeada de favela, mas que não tem favela”, afirma o prefeito. As favelas do entorno, como Heliópolis, no entanto, acabam aumentando os índices de criminalidade do município, admite.
“Isso prejudica a qualidade da segurança da cidade. E a expectativa também. Nós estamos atuando. Já fui conversar com o secretário de Segurança Pública, que já mandou viaturas permanentemente, e o índice melhorou bastante, embora exista”, diz Pinheiro.
Longevidade
Em São Caetano do Sul, a esperança de vida ao nascer aumentou 6,1 anos nas últimas duas décadas, passando de 72,1 anos em 1991 para 78,2 anos em 2010. Naquele ano, a esperança de vida ao nascer média para o Estado era de 75,7 anos e, para o país, de 73,9 anos.
Moradora há quase 40 anos do bairro Barcelona, em São Caetano, Suely Panov, 64, diz que não sai mais de lá, nem por Porto Alegre, sua cidade natal. “A parte médica é muito boa, educação, saúde. Aqui eu brinco com as crianças no parque, é seguro”, conta.
A professora aposentada, no entanto, pede melhorias. “Não pode reclamar, tem lugares piores. Mas claro que sempre pode melhorar.
Suely trabalha como voluntária em um lar que abriga mulheres. “Eu acho que em qualquer cidade a gente tem problemas. Essas mulheres em situação de rua, por exemplo, a prefeitura deveria ajudar, mas nós que ajudamos. Nenhuma cidade está livre de problemas. Nós fazemos a nossa parte, e eles têm que fazer a deles.”
Renda e educação
A renda per capita média de São Caetano do Sul cresceu 84,53% nas últimas duas décadas, passando de R$ 1.107,53 em 1991 para R$ 2.043,74 em 2010. A extrema pobreza passou de 1,35% em 1991 para 0,09% em 2010. São as famílias que recebem menos de R$ 70 per capita (por pessoa).
Com relação aos índices de renda, o prefeito afirma que a cidade tem focado na distribuição de renda para pessoas mais necessitadas, “para não ter desigualdade, tentar equalizar, para que a cidade não tenha nenhum miserável”. “Estamos abrandando essa situação."
Ainda conforme o prefeito, o índice que mais aumentou foi a educação. Em todas as faixas etárias houve aumento de fluxo escolar, em percentuais superiores à média nacional. “A população aumentou e nós absorvemos essas crianças. Já na saúde, nós temos cinco hospitais, compatíveis com a população, em número de leitos, de médicos suficientes. Na área da saúde somos autossuficientes. Temos um hospital de emergências com volume grande, mas vem muita gente de fora ser socorrida na área de emergência”, afirma Pinheiro.

Fonte e fotos: Rosanne D'Agostinho/G1

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