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sábado, 29 de junho de 2013

CRESCE NO BRASIL, RISCO DE INFLAÇÃO.

Índice de preços está acima de 4,5% há pelo menos3 anos, e economia do país fica abaixo do seu potencial.

O Brasil corre um risco cada vez maior de caminhar para um quadro de estagflação — que combina inflação elevada sem crescimento econômico. Economistas afirmam que esse cenário ainda não está configurado, mas ganha corpo a partir de quando o IPCA roda acima do centro da meta de 4,5% há pelo menos três anos, e a economia cresce abaixo de seu potencial.
Cálculos do governo e do mercado indicam que o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) potencial brasileiro — espaço para o crescimento da economia sem gerar inflação — é de cerca de 3,5%, sendo que este ano dificilmente vai ficar acima de 2,5%. Em seu último relatório de inflação, o Banco Central reviu para baixo a estimativa de crescimento, que agora está em 2,7%. E projetou para cima a inflação, que já está em 6%.
Já a pesquisa Focus mostra que as principais instituições financeiras do país vêm sucessivamente revendo para baixo a taxa de crescimento de 2013, que está em 2,46%. A inflação está projetada em 5,86%, embora o Banco Central esteja elevando os juros.
— Num certo sentido, já temos características de uma estagflação. A inflação já se faz notar no bolso das famílias e isso incomoda. Como o governo tratou a alta dos preços como uma coisa episódica, demorou a elevar as taxas de juros. Agora, corremos o risco de os juros não serem fortes o suficiente para trazer os preços para baixo, mas terem poder suficiente para bater no PIB — alerta o chefe do Centro de Estudos Monetários da FGV, José Júlio Senna.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, lembra que os indicadores de inflação e PIB estão caminhando na direção oposta à desejada pelo governo, o que sinaliza um perigo de estagflação:
— A economia cresceu apenas 0,9% em 2012 e este ano continua abaixo do potencial, apesar dos estímulos dados pelo governo. Já a inflação está bem mais perto do teto do que do centro da meta.
nos Anos 70, sem fundamentos
O ex-diretor do BC e chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, lembra que o termo estagflação foi criado nos anos 70 para descrever uma situação criada depois do choque do petróleo, quando boa parte do mundo entrou em recessão. Na época, o Brasil foi muito afetado porque não tinha fundamentos sólidos e a dívida externa era muito alta.
— Lá atrás havia um risco real de insolvência. Isso não existe hoje, aliás, estamos longe disso — diz Freitas.
Mas o economista da CNC destaca que o governo não está conseguindo ganhar a confiança dos investidores porque a política fiscal não é clara e ainda há muita insegurança jurídica, o que compromete ainda mais o crescimento da economia:
— O governo agora fala, por exemplo, em rever regras de reajuste para pedágios. Isso é mudar no meio do caminho, é ruim, gera um prêmio de risco.
A mesma avaliação é feita pelo também ex-diretor do BC e presidente do Conselho Regional de Economia do DF, Carlos Eduardo de Freitas. Ele destaca que o governo não tem conseguido coordenar as políticas fiscal e monetária de modo que a inflação está subindo e a atividade não reage:
— Há sintomas de estagflação. A política econômica dá sinais ambíguos e isso faz com que uma turbina bote o avião para frente e outra para trás. A presidente Dilma disse que não acreditava em políticas de combate à inflação que comprometessem o crescimento. Agora, ficou com mais inflação e menos crescimento.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considera a avaliação equivocada, já que a economia tem apresentado crescimento, e o governo tem conseguido manter a inflação dentro da meta.
— Falar em estagflação é um equívoco enorme. Não tem estagnação na economia brasileira. Em estagnação estão os países europeus — afirmou.

Fonte: O Globo

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